Primeiramente quero relatar-lhes sobre uma palestra que acabo de assistir, na qual a última frase valeu pelas duas horas em que criei raíz na cadeira. O homem disse, mais precisamente, Francisco: "O objetivo de uma ação social iniciada em um hospital não é, necessariamente, manter a situação finaceira equilibrada ou algo do gênero, é fazer com que o paciente que entra aqui na INCAN enxergue, daqui da janela de vidros lisos, a vida linda que tens lá fora pra viver, que ele veja o quanto é bom a resiliência nos momentos em que nos encontramos em apuros, como eles, que sofrem de câncer. É também conservar a relação paciente/cuidador -enfermeiro, técnico em enfermagem, médico, cirurgião, farmacêutico, etc.- é fazer com que os aparelhos ali postos, nas salas de recuperação ou de quimiterapia não os impeça de enxergar suas almas, seus olhares sinceros, sua busca por respostas em meio a tantas dúvidas. A tecnologia nos impediu de tocar em nossos pacientes para que sentíssemos a leveza ou o peso com que carregam a doença. Muitas vezes presenciei pacientes em coma, em cima de uma maca, no qual os olhares clamavam por respostas, porque apesar de estarem em estado vegetal, eles ainda possuíam cérebro e, principalmente, coração.. aquele que sempre exige atenção, mesmo distante. A questão que quero levantar, aproveitando minha fala anterior é que o real, e talvez mais profundo objetivo disso é despertar o espírito humano de nossos funcionários -o qual, na minha opinião, jamais devia adormecer-, não deixar que os aparelhos respiratórios ou até mesmo os medicamentos substituam sua existência, sua utilidade HUMANA."
Quando ouvi todas essas palavras eu definitivamente me paralisei a tanta coisa linda, e digo com toda certeza, este homem foi o mais breve possível ao relatar tudo isso, ele usou de dez a doze minutos para entrar na cabeça de cada um e, principalmente, nos fazer tocar a consciência; com APENAS isso, ele mudou percepções jamais percebidas, que em meio a tanta correria, acabamos olhando, mas não vemos.
Agora, como uma boa "escritora" de meu próprio blog, quero levantar uma questão e espero respostas sinceras. Pare, pense em tudo que eu e Francisco vos dissemos, será que este tempo todo fomos dignos da denominação de nossa espécie, ser humano? Ou só agora pensamos nas pessoas que não tem uma mínima parcela de culpa por sofrerem injustamente e diretamente pelo sistema?
Um abraço à quem leu, e, meus queridos, isso sim é conteúdo.





